Uma revista em quadrinhos que tem Jesus como protagonista chegará às bancas dos Estados Unidos em julho, depois de meses de polêmica, acusações de blasfêmia, ameaças e uma campanha online que resultou no cancelamento inicial da publicação da história.
Na série Second Coming (“Segunda Vinda”) Deus está decepcionado com o desempenho de Jesus em sua primeira passagem pela Terra, quando acabou crucificado, e ordena seu retorno.
Desta vez, Jesus vai dividir um apartamento de dois quartos com um super-herói chamado Sunstar, que usa a força e seus superpoderes para combater o mal. O Messias, por sua vez, prefere uma abordagem não violenta. Como passou os últimos dois milênios sem saber o que acontecia na Terra, Jesus fica chocado ao saber como os humanos usam sua mensagem totalmente ao contrario do que ele pregava.
“A história fala do retorno de Jesus Cristo à Terra sob ordem de seu Pai, para que possa aprender a se defender com o maior super-herói do mundo”.
“Mas o que acontece é que eles desenvolvem uma amizade improvável e o super-herói começa a entender como a abordagem de Cristo, apesar do fato de ter feito com que fosse crucificado (da primeira vez que esteve na terra), é mais relevante do que seus superpoderes para resolver os problemas atuais.”
Quando foi anunciado, em julho de 2018, o projeto não ganhou muita atenção fora do mundo dos quadrinhos. O lançamento estava inicialmente previsto para março deste ano.Mas em janeiro, seis meses depois do anúncio, a notícia começou a chamar a atenção de sites religiosos. No dia 7 de janeiro, o site Christian Headlines (Manchetes Cristãs) publicou um texto com o título “Jesus é o próximo Super-Herói das histórias em quadrinhos da DC”.
A notícia dizia, “contradizendo o que as Escrituras dizem, o livro vai apresentar Jesus como tendo limitações em seu conhecimento e capacidades” Russel deu uma entrevista um pouco que polêmica em que disse acreditar que Jesus era mal representado nas congregações dos dias atuais.
A série é sobre Jesus “ficando chocado com o que vê que foi feito em seu nome”, que “a religião cristã não se baseia realmente no que ele ensinou, particularmente as grandes igrejas evangélicas modernas” e que ” o têm mais como um mascote em camisetas, para provar que estão no time que está ganhando”.
Uma plataforma de petições online que diz promover “vida, família e liberdade”, pedia que a DC cancelasse a publicação da série. o texto da petição dizia “Você consegue imaginar o barulho no meio político e na mídia se a DC Comics estivesse alterando e zombando da história de Maomé ou Buda?”
A petição reuniu mais de 235 mil assinaturas. Russell e Richard Pace começaram a receber insultos e ameaças online. Em 13 de fevereiro, a DC Comics cancelou a publicação da história.
Nova editora
Russell diz que não esperava que a história fosse provocar tanta polêmica antes mesmo de ser publicada. “Suponho que fui ingênuo o suficiente de pensar que as pessoas iriam ler o livro antes de se sentirem ofendidas”, observa.
“E você pode ter certeza, há pessoas que vão e devem se sentir ofendidas, mas entre todas as pessoas sendo zombadas nesse livro, Cristo não é uma delas”, ressaltou.
Pessoas que se sentiram ofendidas reagiriam de maneira diferente caso a obra e salienta que não é Cristo o alvo de sua sátira. O quadrinista diz que seu livro é muito respeitoso às ideias de empatia e perdão pregadas por Cristo, mas não tanto em relação àqueles “que tentam usar Cristo como uma mascote para sua própria ganância e violência”.
O editor-chefe da AHOY, diz nas entrevistas que estão previstos seis revistas, um por mês, a partir de julho. Mais que Por enquanto, não tem planos de lançamento da revista no Brasil.